Crianças choram pela estrada, Mãe
Mãe
Onde foi que te perdi?
É duro olhar para ti,
Ver teu sorriso feliz
E ter a consciência que não somos mais
Eu e tu.
Ainda há tantas crianças que ficaram
A chorar pela estrada
Mãe.
Embriagas-te de Yves St. Laurent,
Colocas o esmalte nas unhas de acordo
Com a cor do vestido,
E anéis de bijuteria em todos os dedos
Queres lá saber do resto!
Tamanha a tua dor Mãe,
Que na vida nada mais resta
Senão uma festa inventada por ti
Onde és anfitriã de uma casa vazia
E de novo a jovem inocente de vinte anos.
A minha maior ausência
É ter-te sem te ter Mãe,
É nem sequer poder dizer o quanto te amo,
Porque raramente me permites falar.
Quem me dera por momentos
Voltar a ser a tua menina,
Aninhar-me nos teus braços
E ouvir-te cantar baixinho.
Nunca mais chorámos as mesmas angústias,
Nunca mais nos rimos das mesmas coisas
E eu continuo a perguntar-me sem cessar
Onde foi que te perdi Mãe amada?!
Onde foi que perdi o teu Amor
O teu riso simples, a serenidade do teu olhar
Sempre que me olhavas?!
Não sei Mãe, não sei…
Sei que jamais te direi Adeus,
Porque continuas a fazer-me falta
E tem tantas crianças chorando pela estrada.
© Célia Moura – a publicar
(Dawid Lozinski Photography)