O Amor
Sinto-me faminta de Ti,
Ó Humanidade,
Mais que à Pátria berço,
Sou tua!
Rasgam-se-me todas as dores,
Exalto tuas alegrias breves,
Neste efémero alento,
Cujo Tempo me concede ainda,
Benção Divina de estar aqui,
Para te poder cantar,
Para te poder amar!
Sou a estilhaçada do vento,
A areia ressequida, cuja única verdade,
És tu, meu mar,
Quando me vens saciar.
Sinto-me cada vez mais sôfrega de Ti,
Ó meu estagnado País!
Que brutal impotência!
Mas, como poderei eu declarar-te
Esta paixão,
Se tudo me é vedado?!
Quem sou eu afinal?!
Quem sou?!
Sou pequena sardinheira entre cardos,
Uma sardinheira a sonhar rasgar-se
Sempre mais,
Para somente fazer vibrar
O teu ventre,
Ó Pátria amada.
Pátria Mãe,
Humanidade de meu sangue faminto,
De Amor a resplandecer luz e devoção
Em todos os rostos da desumanidade
Sem tréguas.
Mas, eu sei!
Sim, eu sei que sei!
O Amor vencerá todas as trevas!
© Célia Moura (Inédito)
(Ilustração – Obra de Vladimir Kush)