Poema de © Célia Moura – dito pela própria
VIDEO © 2012-2020 LP (LProductions – Todos os Direitos Reservados / All Rights Reserved)
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Porque o semblante das rosas
é cântico
que enaltece meus seios apaixonados de Outono
permito-me a todas as ousadias
levando-te comigo
até aos alicerces da casa branca.
Quero rir contigo mais uma e outra vez,
sem cessar,
quero desejar-te nos locais mais incautos Continuar a ler
Confesso que te amo,
sempre te amei
mesmo que nada te consiga dizer
pois emudeceste-me até à foz.
Ainda que não te suporte
e faça renascer cardos,
sou como o rio que te acaricia os pés
e o caminho. Continuar a ler
Esta foi a catarse gerada
no silêncio uterino da dor.
A mais violenta
e a mais pura
eternizando gratidão
nos seios de Afrodite.
A catarse que edificou todos os estilhaços
que meu próprio luto de mim se humilhou.
Esta foi a catarse gerada
que fez do pranto a paixão parida
no sangue das palavras e da cegueira Continuar a ler
Eu sou a Tristeza,
a suburbana.
Condenada ao exílio
de todos os exílios inimagináveis
sinto-me viva.
Sou a prostituta mais doce
e a infame mais cruel
nesta virgindade de poetas. Continuar a ler
Enquanto a chuva cai feroz na vidraça
do quarto
dou por mim sorrindo como a criança feliz
dançando ao redor do Chafariz do Largo.
E, enquanto saboreio o som dos trovões
recordo minha avó rezando,
todas as mulheres da casa naquela ladainha
que jamais saberei.
A avó enxotando as cabras,
refugiando as galinhas
por causa das raposas…
e eu, provavelmente lendo Torga. Continuar a ler
Dorme menina linda,
dorme
pois no sono jamais sentirás ausências
e para sempre sorrirás
como uma criança.
Dorme meu amor,
dorme Continuar a ler
A Flor e o Asco
Decerto hei-de escrever
a forma como me matarás,
até lá brincarei com as açucenas
que abominas
e peço perdão ao Infinito
por todos os que riram desta lama,
desta incomesurável dor
desde as ilhargas até ao peito. Continuar a ler
Que a hera se entrelace,
me trespasse e asfixie
todos os sonhos de menina!
Que tua boca em mim seja
delírio e abandono
e que entres em mim
liberto,
que me penetres como se me amasses,
como se me matasses
até meu corpo não suportar mais prazer
porque sou como a hera que se dá Continuar a ler
Art/e (c) Fabian Perez painting
Num Bar
Hei-de esperar-te num bar
num qualquer
após ter feito amor
com as causas que julgara perdidas…
E aí, que me importa o burburinho das alheias vozes
as histéricas gargalhadas lançadas
como setas contra as livres andorinhas? Continuar a ler
Caem-me dos olhos
os gritos com que me lambes
nessa avidez,
à boca fechada.
O sangue que fervilha
na vida (sobre)vivida Continuar a ler
Eu hei-de morrer exausta
com um grito cravado
como uma farpa no coração
pelas palavras que nunca me disseste.
Eu hei-de morrer feliz
por deixar este deserto
porém saudosa do meu mar
dos refrescos de limão que minha Mãe
sempre me fazia como um afago. Continuar a ler
Eu sou a coragem
disseste-me um dia.
Sou parte de ti caso me queiras
e tenho a honra de te apresentar minha irmã liberdade.
Ambas fazemos parte de um mundo raro
um mundo novo Continuar a ler
Hei-de lamber-te
por inteiro,
todas as feridas.
E se preciso for
convocarei as gaivotas e os melros
deste nosso jardim,
para que possam abafar esse teu grito enclausurado Continuar a ler
No Corpo
Eu me puxo
Repuxo
Envolvo
Deito
Deleito
Revolvo Continuar a ler
O musgo que me torneia os quadris
E se revolve
No fogo da minha redenção
É o mesmo que outrora respiravas
Néctar no transe das línguas
Em taças de lua minguante
Poque a cheia
É de todas as fêmeas
Que sabem lamber cicatrizes
E comigo arrancam gargalhadas Continuar a ler
Porque não vais embora
se tudo em mim é tormenta,
náusea e brincadeiras de menina?!
Morreste-me em todas as palavras
que nunca sepultei,
mordes-me as entranhas
como um verme. Continuar a ler
Quando finalmente meu peito sossegar,
e no mais profundo silêncio
calar o sangue das palavras
sem soluçar coisa alguma,
sem te mendigar um abraço
hei-de regressar ao declínio dos beijos renegados
e sorrir.
Quando exausta
de teu amor
esfomeada por um outro fado Continuar a ler
Profundo Coma
Serei o que me inventares
nesse cérebro oco
onde jamais as aves poderiam celebrar
as chuvas de Outono.
Fizeste-me doer
todas as estações. Continuar a ler
Que por instantes
eu fosse o lume que te acende o cachimbo
as amadas vírgulas dos textos que escreveste
os copos pelos quais bebeste! Continuar a ler
Sangue De Mim Virei de novo aqui amada minha em sacrifício manifesto abandonado até por Deus apenas para te morder esse sorriso e fazer de ti rainha do meu holocausto de prazer. Continuar a ler |