Poema de © Célia Moura – dito pela própria
VIDEO © 2012-2020 LP (LProductions – Todos os Direitos Reservados / All Rights Reserved)
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No Corpo
Eu me puxo
Repuxo
Envolvo
Deito
Deleito
Revolvo Continuar a ler
O musgo que me torneia os quadris
E se revolve
No fogo da minha redenção
É o mesmo que outrora respiravas
Néctar no transe das línguas
Em taças de lua minguante
Poque a cheia
É de todas as fêmeas
Que sabem lamber cicatrizes
E comigo arrancam gargalhadas Continuar a ler
A Casa branca
Dar-te-ia
As imagens
Veladas,
Se a música que entoava através das palavras
Entre o negro das tulipas
Se fizesse ouvir.
Aquela casa branca que ruindo
Aos pés do desalento
Clamou por nós! Continuar a ler
Não,
Não é de pão que ferem
Minha fome
Nem de injustiça
Que oprimem
Meu grito
Não é de rudes pedras pela estrada
Que ferem minhas vísceras! Continuar a ler
(c) “Google”
Ontem invadiram meus canteiros,
Espezinharam minhas flores,
Partiram todos os vasos
Do meu jardim
Rasgaram minhas vestes
Ultrajaram meu nome,
Alagaram de sangue
Os meus olhos.
Apedrejaram meu rosto Continuar a ler
Possuída da tua miséria
Ergo-me com o teu grito
Avanço contra os cardos
Rasgo-me por inteira
Como quem resgata um filho
E proíbo todas as garras
Insolentes, daninhas, bizarras, sorridentes
Na minha pele de nenúfares
Seda, jasmim
E pão. Continuar a ler
Quem foi que fez das tripas
arrancar o coração do peito
para debitar o êxtase num poema eleito?!
E quem rasgou o véu ao esquecimento
e o remendou
remediando o Tempo?!
Quem inaugurou a métrica,
amarfanhando o sangue nas artérias
do sentimento? Continuar a ler
Um dia nascerei tornado,
Ou filha amada
Numa planície de papoilas vermelhas.
Um dia serei de novo
Todas as pétalas por beijar
Todas as lágrimas das órfãs mães. Continuar a ler
Um Pouco Mais
Bastar-me-iam os pássaros
Bebendo água das nossas mãos
Rendidas,
Bastar-me-ia dançar nua
Desafiando a chuva
Rebolar no vento
Atravessar o acutilante sorriso ao Tempo
E ser a bela cigana lançando cartas
Tragando o feroz destino a um só momento. Continuar a ler
Adormecem mamilos gretados
De indignação
Em cada palavra
Que não ouso.
Gemem catadupas de papoilas
Entre o trigo
E por isso as digo
As escrevinho Continuar a ler
A azinhaga dos sonhos
É repleta de portões
Meu amor,
Tão cerrados
Quanto as mãos que se erguem contra a fome…
Sempre as mesmas máscaras malabaristas,
As mesmas hienas tão sorridentes, Continuar a ler
O Sal da Terra
Nós somos as vozes da jornada,
A erecção dos cravos ao som da guitarra, do batuque,
Pela madrugada.
Nós somos as mãos que gritam em mil gestos obscenos,
A desobediência que nos foi imposta
Nós somos o sal da terra,
O hino que ainda soa e atordoa
Incrédulos ouvidos,
Trazemos a bandeira em haste
Herança de nossos pais. Continuar a ler
Quisera eu ter partido desta terra
Onde as aves
Já não regressam
Ao meu peito
A Primavera hoje sabe-me a sangue,
Ao sangue de Maio
Que sorrio ao mar como um fardo
Neste feroz precipício de idolatria Continuar a ler
Solidão
Sentiste a minha boca no sangue
de todas as alvoradas?
Não, não me ficou o cúmplice sabor da paixão
tatuado na saliva
e da enseada
não há registo de corpos nem gritos de gaivotas alvoraçadas Continuar a ler
Cravei neste meu ventre em flor
Tão abocanhado por feras
Meu punhal de dignidade
Mas cuspi-lhes no rosto
Uma por uma as farpas
Com as quais já me haviam apunhalado Continuar a ler
Poema de © Célia Moura – dito pela própria
Temos crianças esfaimadas
E elas sorriem
Para elas.
Temos prostitutas
Em Assembleia
De todas as classes,
Tão ousadas,
Tão promíscuas
E nós somos palhaços Continuar a ler
É Natal
Do peito não desarma a voz
Que faz vibrar o burburinho das nascentes
E cânticos nos umbrais das portas.
Por instantes, tantos
Erguem-se sorrisos qual estandartes
E a sedenta fome já não dói como uma côdea de pão Continuar a ler
O cérebro do mundo
Busco incessantemente o cérebro do mundo,
essa lava que me dói o corpo inteiro
esse caos, essa ordem desordenada
cuja vertigem
se apodera das fêmeas
e da volúpia que trilham caminhos novos.
Ah ser inteira e tão despedaçada
ó venusta peregrina! Continuar a ler
SÉC. XXI
O mundo respira e se extingue de
Sangue a fervilhar na pele
Com garrotes no cérebro
E o sibilar de víboras
Nas outrora límpidas águas
Das fontes.
Tudo não passa de um filme repetido até à exaustão
Com maior intensidade, Continuar a ler