Não me digam vozes
que desconheço,
nem pérolas ou safiras
que não sinto.
Não me digam cardos
em vez de rosas, Continuar a ler
Não me digam vozes
que desconheço,
nem pérolas ou safiras
que não sinto.
Não me digam cardos
em vez de rosas, Continuar a ler
Origem
Cubram-me somente
O corpo já inerte
De pétalas vermelhas
E frescas açucenas brancas.
Recitem-me um poema
Em gemidos de piano. Continuar a ler
Art/e (c) Stefan Beutler Photography
NO ÚTERO E NO PÓ
Surges
Na cálida brisa da tarde,
Como Deusa
No cume da trave talhada
A ouro
Com rosto de prata,
Boca de serpente mansa, Continuar a ler
(c) Foto by ‘a gota’ – Manuel Catarino – Mané Catrino
A Ribeira
A ribeira
Ainda canta.
Lá longe,
Parece um manto de cristal
Irrequieto.
A ribeira
Que afaga Continuar a ler
No Esvoaçar do Destino
Em inexprimíveis gritos
De puro absinto
A imperatriz queimava
A mais funda mágoa.
No estonteante vazio
Rompiam soluços gesticulando
Infinito. Continuar a ler
Art/e (c) Comunidade Kingdom of painting
União
Saúdam-nos
Todos os raios solares
No cume verdejante
Da cumplicidade Continuar a ler
PREDESTINAÇÃO
Adivinho-te
As lágrimas
E as quimeras derramadas
Dos olhos hirtos da noite,
E num abraço não contido
Envolvo-te… Continuar a ler
Desejo
Queria ver-te chegar
Inspirado em promessas vãs
Que me roçassem o corpo
De êxtase Continuar a ler
CENTELHA DE VIDA
És meu rio de prata,
Diz-me que mar
Te acolhe o pranto!
És minha fonte, Continuar a ler
Ouviste vós a lânguida bruma
no ressoar nocturno
do silêncio?
Que viagem vos trouxe
o pensamento adulterado Continuar a ler
Nua,
defronte ao pontal das rosas
que atravessa incertas memórias.
Assim estás,
prostrada Continuar a ler
De ti,
apenas retalhos grotescos,
encalhados no auge da desolação.
Aniquilados!
Não emudeceste os vendavais, Continuar a ler
Derradeiro Grito
É quase a ascese,
a Revelação derramada
no segredo dos enevoados lábios
da madrugada,
ansiando o suave beijo Continuar a ler
Em Delírio
Ergo apenas
Ao céu
Minhas mãos fugidias
De momentos. Continuar a ler
Entardecer na baía do Desejo
Vigiai
o instante
em que as gaivotas partem
do cais! Continuar a ler
Espiral
Subiremos até ao doce firmamento
Onde os beijos oferecidos permanecem
No anoitecer dos corpos.
Sobrevive-me sem temor, Continuar a ler
Ribeira de solitárias lágrimas,
que corres veloz
até à foz,
que murmúrios de aves,
ou de gente,
acalentas no teu leito? Continuar a ler
Quando os véus tombarem
do ventre das estátuas,
há-de ser o mesmo frio,
o mesmo hino à mudez idolatrada.
Há-de haver mentiras disfarçadas, Continuar a ler
Eis aqui,
num sopro caricioso
da Divindade exaltada,
limiar do meu corpo rendido
na alma das açucenas, Continuar a ler
ÂNSIA DE REGRESSO
Pertence a um mundo mais distante,
este fôlego de vida,
exaurido em voraz agonia,
e suplicas desfeitas em pranto
no peito. Continuar a ler
ETERNIDADE: UM SOPRO BREVE
No rosto breve de um anjo,
emergem risos.
Ele,
que de semblante sereno
me embala a agonia Continuar a ler
Translúcidas madrugadas despertam,
espreguiçam silêncio
por entre os poros dilatados
da inércia.
Por entre o espaço, Continuar a ler