Seu cheiro


Art/e (c) Caras Ionut Photography

Seu cheiro
Do seu corpo guardo o cheiro a fêmea,
A única que me conteve de lés a lés
Sempre que seus olhos me incendiavam
E neles naufragava
Somente para me salvar.

Ainda lhe ofereço as mesmas flores,
E ao entardecer
Por vezes visito seu sono
Com poesia nas mãos.

Sento-me no verde do chão
E creio que por um instante veloz
Pressinto o palpitar suave de um coração,
É quando parto inaugurado de luz
Desta ausência de silêncio
Que guardo em segredo
Seu cheiro que em mim habita
Embriagando-me de jasmim,
Imaginando-a empoleirada
No varandim desnudado da memória
Gargalhando como uma criança
Entrelaçada em mim
Cantarolando para o mar
Até finalmente adormecer em seu porto de abrigo
Nossos corpos
E permanecer lauta.

© Célia Moura – poesia a publicar
(Caras Ionut Photography)

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